segunda-feira, 31 de março de 2014

Natureza em Movimento









Matheus Sirena





                                     Minha experiência estética: O tubo da onda.



Acreditando que minha racionalidade encarrega-se do exercício de me situar no mundo em que vivo, dando- me explicações frequentes sobre tudo, e considerando que estéticamente eu posso contar com meus sentidos para consolidar essas percepções no plano físico/material, posso concluir que as experiências estéticas as quais me submeto são eficazes para que eu possa aprender a orientar minhas percepções sensoriais deliberadamente e ampliar minha capacidade de compreender o mundo e as infinitas possibilidades de existir que ele me dá.

Um momento de realização, como vejo, é aquele momento em que a gente consegue se sentir sendo o máximo de “sí mesmo que a gente poderia ser".
Momento em que uma convicção nos preenche e a nossa certeza dispensa provas.
Todos queremos uma certeza nessa vida marcada pela impernanência.
Maior ousadia do ser humano é contar com o tempo.
Penso que praticar esportes é realizante por que organiza melhor a mente e o corpo no espaço e tempo.

Do meu ponto de vista a natureza ainda é algo do que temos de mais belo no mundo.
Contemplá-la é estimulante, mas poder interagir com ela é extasiante.
Por isso eu gosto de praticar esportes na natureza.
Talvez meu signo aquático tenha sido o que me atraiu pro desafio do surf. 
Digo desafio pois o objetivo é literalmente entrar em equilíbrio com a natureza em movimento. A onda é um fenômeno da natureza. Dependendo do local onde ela se forma, pode vir a ser inclusive exercício de sobrevivência. 

Em Bali, por exemplo, em poucos segundos uma onda de 3 metros pode se formar em cima de um afiado recife de corais vivos, com profundidade de meio metro apenas, e qualquer erro pode me deixar 2 minutos em baixo da agua ou ser fatal (por esse motivo estou usando botinhas na foto).





É uma mistura de medo com desejo.
E essa sensação de medo com desejo é incrível, não se encontra em cápsulas.
Adrenalina começa a fazer com que meu cérebro bombeie pensamentos e exija da minha racionalidade uma interpretação que me mantenha confiante.
No entanto, no momento em que a onda chega é como se o tempo drásticamente parasse. Os movimentos e o raciocínio são em fração de segundo, extingui-se o tempo para cálculos mentais e tudo que se passa na cabeça começa a invadir o campo do subconsciente. No caso quando a onda forma um tubo, ela surge da superfície, levanta uma parede e joga ainda um teto sobre o sufista. Aqueles poucos segundos de equilibrio dentro de um tunel de agua girando nos gravam eternos flashbacks, isto é, nos deixa marcas de impressão. Saio da onda sem saber se estive no controle ou se fui controlado.


Altero a vivência do tempo e chego a um estado de esquecimento de mim mesmo, visto que, se estamos muito envolvidos em um determinado momento, não pensamos em nós.

Essa experiência de “sair de mim mesmo” por alguns segundos em que subconscientemente usei de todo o meu corpo e minha mente para entrar em equilibrio com a natureza, é gratificante! Me faz sentir presente no mundo, portanto, me situa enquanto sendo eu mesmo. Sendo assim, posso concluir que quando eu saio para experimentar as sensações e os riscos de surfar e “pego um tubo”, me sinto sendo eu mesmo, realizado, me sinto vivo.





terça-feira, 25 de março de 2014

The Magic of M.C. Escher

Capa de um dos meus livros sobre as obras e vida de M.C. Escher



    A predileção de Escher pelo contraste de preto e branco tem um paralelo na predileção pelo princípio da dualidade no seu mundo de pensamento: "O Bem não pode existir sem o Mal, e quando se aceita um Deus, então tem de se dar, por outro lado, um lugar equivalente a um Demônio. Isto é o equilíbrio. Vivo desta dualidade...". À intelectualidade da sua obra e ao zelo meticuloso com que ele a planeava, opõe-se a grande espontaneidade na vivência do belo na Natureza, nas experiências da vida quotidiana, na música e na literatura. Muito sensível, Escher tinha suas reações determinadas mais pelo sentimento do que pela razão, o que podemos perceber ao ler suas cartas neste livro "The Magic of M.C. Escher", um dos muitos que coleciono sobre o artista.


Stars


    A experiência estética é um estado afetivo de agrado e de prazer suscitado pela apropriação subjetiva de um objeto, seja a contemplação da natureza, a criação ou contemplação de um objeto de arte. Desta forma, colecionar livros relacionados ao Escher me parece ser, das experiências estéticas que tenho em meu cotidiano, a que mais aprecio. Não apenas pela contemplação de suas obras (que gosto muito, até tenho partes tatuadas em minha pele), mas por poder conhecer e desvendar sua personalidade curiosa com os textos e relatos. 



Butterflies


   "A minha obra de arte não tem nada a ver com as pessoas, nem com a psicologia. Não sei bem o que devo fazer com a realidade; a minha obra nao tem nada a ver com ela. Sei que isto é errado!... Sei que é nosso dever cooperar para que tudo seja melhor. Mas eu não tenho qualquer interesse na humanidade. Tenho um jardim grande, para manter afastada de mim toda essa gente [...]" - Maurits Cornelis Escher.


Three intersecting planes



Karoline Stein
Isabela Melchor Fernandes


Somos criados por nossas experiências sejam elas boas ou ruins. Uma que me marcou extremamente foi a visita ao museu de arte sacra na Avenida Tiradentes aos 8 anos no colégio. Estávamos estudando o barroco no Brasil e fomos levados na época ao local. Inicialmente entramos pela igreja, e até hoje consigo lembrar a sensação de entrar lá. Tinha uma energia inacreditável, que eu nunca consegui compreender, o altar tinha uma luz própria, e mesmo que você não acreditasse na religião ou nos dogmas da igreja católica, aquele lugar trazia uma sensação que eu nunca havia sentido. O altar imponente não trouxe medo, mas sim vontade de absorver todos os detalhes e guardar na mente. As cores e a sensação ainda são muito vivas na minha memória, fiquei muito tempo observando o altar e a sensação era de ser absorvida para dentro de tudo aquilo, e não diminuída. Fui convidada pela luz que o altar trazia a me inserir naquele momento e participar de uma sensação completamente diferente. Neste dia também nos disseram sobre as freiras que viviam enclausuradas, e nos as vimos pela divisão, foi outra sensação diferente, compreender pessoas que se afastaram do mundo devido sua crença, e escolhiam se ligar com seu Deus. Fomos ao cemitério dessas freiras também.
Esse dia marcou minha vida devido às intensas experiências de confronto. Fui marcada pelo altar imponente, que me deixou intrigada para compreender que sensação nova era aquela que sentia, e refletir sobre a escolha de uma pessoa que consegue uma ligação tão intensa com suas crenças que é capaz de abrir mão de sua vida.
Nunca voltei no local, mas acredito que a sensação seria diferente hoje em dia. Mas incrivelmente ainda me lembro de como a luz própria daquele altar fez uma criança de 8 anos sentir uma energia tão diferente e tão intrigante. As imagens do altar já não são fortes em minha lembrança, mas a sensação que me foi ocasionada é muito intensa e viva ainda. Mesmo conhecendo igrejas, aquela foi a que mais me convidou a compreender os detalhes e a “emoção” que eu senti, fato que ainda me intriga até hoje.


Intercambio

A experiência que mais marcou a minha vida, com certeza eu afirmo que foi o meu ano de intercâmbio nos Estados Unidos - WI.  Eu fui na metade do ano de 2010 e voltei na metade do ano de 2011, durante esse período conheci não somente a cultura do pais, mas fiz amizades com pessoas de outros países, os quais são meus amigos ate hoje e continuamos a nos falar e ate mesmo viajamos para conhecer a cultura e o ambiente em que vivem. Nesse ano do meu intercâmbio morei com duas famílias que ate hoje continuam sendo e SEMPRE vão ser a minha família, todos os anos volto em julho ou janeiro para passar o mês com eles, e divido 15 dias e cada família. Durante esse ano, viajei para vários estados e diferente cidades, foram os momentos mais marcantes cada lugar visitado, por sempre ser diferente e cada lembrança sempre se remeter ao lugar em que visitei.

 Jogo dos Packers ( Super boll fitebol americano)

 Intercambistas Rotary

California Trip

Escrito por: Thais Machado


 

Em julho de 2012 meus pais decidiram fazer uma das viagens que eles mais gostam, que é alugar um carro nos EUA e ir conhecendo diversos destinos. Nós não contamos com os destinos escolhidos pela agência de viagens, apenas para as partes mais burocráticas. 
Dessa vez, descemos em Los Angeles, Califórnia. A família inteira estava na maior alegria e expectativa para os próximos dias. A princípio, o objetivo era pegar o carro e partir para San Diego, em seguida, Las Vegas, de lá pegaríamos um voo para San Francisco e faríamos a costa oeste de carro até Los Angeles de novo. 
A estação do ano naquela época era o verão no hemisfério norte, a mais agradável e gostosa, que eu e minha família tanto gostamos. A parte interessante da viagem foi a quantidade de experiências que tivemos em lugares tão diferentes. Começando pelo clima que estava com uma temperatura amena e agradável em Los Angeles e San Diego. No meio do caminho para Las Vegas, no carro mesmo começamos a sentir o calor do deserto. Os ponteiros registravam 40 graus Celsius. Um calor, diga-se de passagem absurdo. 

 
As duas primeiras cidades foram as mais fascinantes. Passamos de três a quatro dias em San Diego, não paramos um minuto. E tudo o que pude conhecer e viver naquela cidade me despertou um desejo enorme de poder viver naquele lugar alegre, onde vc percebe a qualidade de vida dos jovens. No momento a minha vontade era estar no meio deles e poder viver aquela vida americanizada. Tanto a noite quanto o dia eram agitados. Tanto a praia quanto os bares eram ambientes em que vc se sentia a vontade e desejava permanecer. Além disso, que lugar lindo! Tudo muito limpo, arrumado e alegre.
E as praias? Não se compara com as nossas, mas em especialmente Coronado Beach, me deixou de queixo caído. Um bairro lindo, com segurança, e tudo aquilo mais que desejamos ter no Brasil, mas infelizmente não temos...
 
 
 
Las Vegas!!! A cidade que me deixou encantada em todos os sentidos. Para quem nao sabe, cada hotel naquele imensa avenida principal possui uma decoração e um cassino, que fazem você se sentir dentro de um verdadeiro filme. É muita luz, muita informação e muita, mas muita agitação. Ainda mais no verão, as ruas estavam sempre cheias e lá os hotéis com piscinas tinham as suas famosas "pool party". Em uma delas eu entrei porque não pediram meu ID, e eu pude perceber o quanto os jovens estavam se divertindo. Fiquei com uma vontade imensa de estar com meus amigos por perto. 
Além disso, em Vegas o que é fascinante são as luzes durante a noite, que te fazem sentir definitivamente em um lugar diferente, especial e vivo.
Depois de tantas aventuras nas noites de Las Vegas, decidimos fazer um passeio de helicóptero até o Grand Canyon. Foi a maior aventura e com certeza, uma experiência incrivel, que tanto eu quanto minha família jamais iremos esquecer. É imenso e muito belo. Não tenho palavras pra descrever a emoção de sobrevoar aquela imensidão ao som de "Good Riddance-Green Day".
Após viver tudo isso, fomos até San Francisco, uma cidade fria e gelada. Passamos do calor de Las Vegas para 9 graus Celsius em pleno verão. Mesmo assim, estava uma delícia e durante dois dias apenas rodamos a cidade inteira.
 


 
 
Ja não aguentavámos mais esperar para poder fazer a costa da Califórnia de carro. Então, nos próximos dias seguimos pela costa oeste passando por diversas cidades. Parávamos para dormir em algumas cidades e continuávamos nos outros dias até chegarmos em Los Angeles e conhecermos Beverly Hills, Hollywood, e as praias famosas de Malibu, Santa Monica e Santa Barbara.
Definitivamente foi uma delícia, e uma das experiências que eu pude me sentir, de verdade, em outro país, e além disso, me despertou uma vontade enorme de poder viver naquele local. Ainda me falta um pouco de coragem de deixar o que vivo no Brasil com meus pais, mas sei que um dia ainda morarei em San Diego, a cidade que mais me chamou atenção até hoje. 
Essa foi uma viagem dos meus sonhos, que graças aos meus pais realizamos com muita saúde, amor e felicidade. A despedida da Califórnia foi tão triste, que no ultimo dia eu não queria voltar e só chorava.
 

 

Experiência estética - Tatuagem








Por Paula Amoroso Barbosa de Azevedo

Nomear especificamente qual das tatuagens que artistas já colocaram em meu corpo foi, essencialmente, a mais marcante, é um esforço em vão. A primeira tem seu apelo simbólico e até de certa forma ritualístico, como um rito de iniciação à prática de se injetar tinta no corpo através de agulhas e outros sistemas, mas favoritismos neste caso só desmereceriam de forma desnecessária o significado e simbolismo que carro com cada uma.

A história da tatuagem e sua disseminação especialmente cultural ao redor do mundo é curiosa. Os primeiros registros encontram-se numa múmia de sexo feminino no Egito, com traços e pontos inscritos na parte abdominal datada entre 2160 e 1994 a.C, cujas inscrições possivelmente tem proximidade com cultos à fertilidade. Pela mitologia haitiana, os deuses conceberam aos humanos a arte de tatuar, ensiando-os. Com isso, a obrigatoriedade do cumprimento com uma liturgia específica: mulheres só podem marcar os braços, pernas e rosto em contraponto com os homens, a quem estava permitido encapar a derme em tinta. A Kakoushibori, uma tatuagem de origem japonesa feita a partir de zinco, só mostra pigmentos na pele em situações de excitação corporal (alcoolizado, após o ato sexual, num banho quente).
Algumas curiosidades, no entanto, podem soar um pouco bizarras. Entre elas, o costume entre famílias de líderes maiori mortos: conservar a cabeça tatuada do líder como relíquia. E há ainda a escarificação, praticada em algumas tribos da África em mulheres, que o faziam em três momentos de suas vidas: aos dez anos marcam o peito; na primeira menstruação, os seios; após a primeira gestação, os braços, pernas e costas. A tatuagem mobiliza um artefato cultural que transborda e tira de eixo os paradigmas atuais da produção do corpo. É eterno e invasivo, um compromisso definitivo com um modelo estigmatizado de corporeidade. Ainda hoje, apesar de tanta tradicionalidade cultural envolta em seu conceito, a tatuagem é vista com maus olhos. Excepcionalmente, saliento, pela arquibancada cristã que condena a prática baseando-se em palavras como "masoquismo", "auto-mutilação" e "patologias".
O contato, principalmente inicial, com a arte da tatuagem vai além do estético, do sensitivo. É uma experiência inédita. Tal ação sugere, consigo, ruptura com o banal, com a estabilidade da relação corpórea que se mantém com o mundo e com você mesmo. O sentimento de modificação traz consigo a confirmação e uma fuga do self, a quebra e afirmação na organização subjetiva do eu. Num mundo cada vez mais globalizado, homogeinizado, e saturado de referências simbólicas, a tatuagem é tida como uma estratégia escapatória, que pode lhe dar momentaneamente distinção e reconhecimento social.
Marcar o corpo com tatuagens é uma experiência estética não apenas no sentido do resultado que tem claro em seu corpo, mas também no senso que infere uma performance sensitiva do mesmo. Do grego "aisthesis", implica a dimensão carnal das sensações e capacidades sensitivas do corpo. É uma experência que se sente (na dor óbvia, que serve de "vitamina" para a realidade quando se está sendo tatuado) e faz sentir. 

segunda-feira, 24 de março de 2014

A Valsa das ¨Neves¨


A Valsa das ¨Neves¨


                                                         (por Thaís Costacurta Moraes)

 Eu nunca fui a melhor bailarina,longe disso eu era uma das piores da minha turma,mas a arte do Balé sempre foi algo que me encantou muito.As histórias,as músicas,as roupas e principalmente as danças.

 Hoje eu já não me dedico mais ao Balé,mas sempre que paro para pensar nessa época da minha vida sempre me vêm à cabeça este momento bem particular:a¨ valsa dos flocos de neve¨ de ¨O Quebra-Nozes¨.
Nas apresentações de fim de ano,as professoras não nos deixavam assistir ao espetáculo inteiro.Quando a nossa dança acabava,tinhamos que descer para os camarins e ficar por là até a hora dos agradecimentos.Em 2004 eu e uma amiga decidimos ¨burlar¨ essa regra. Assim que nossa dança acabou nos escondemos no banheiro,e depois de um tempo fomos para trás da ultima cortina na lateral do palco. Quando eu olhei para frente a dança que estava para começar era a dos flocos de neve,e foi primeira vez eu realmente ¨assisti¨ á uma coreografia de Balé.

Claro que eu ja havia visto á inumeras apresentações antes,mas geralmente eram os numeros antes do meu e eu estava nervosa de mais para apreciar a dança,ou eram ensaios e as dançarinas não estavam
completamente caracterizadas e o cenàrio estava desmontado.Mas naquele momento eu não estava
nervosa e não era um ensaio, então a dança começou..e eu só conseguia pensar em duas coisas:
-A primeira era que aquilo era uma das coisas mais bonitas que eu ja havia visto
-A segunda era que o Balè definitivamente não era para mim porquê eu nunca,nem em um milhão de anos,dançaria tão bem quanto aquelas garotas.

Até hoje quando eu escuto à essa valsa fico muito emocionada,quando o coro começa a cantar é quase
impossivel segurar as làgrimas.

http://www.youtube.com/watch?v=bw1yTMJ0e-g