segunda-feira, 24 de março de 2014

O beirute de rosbife

Por:
Rolando Vezzoni


A partir do momento em que, etimologicamente, uma experiência estética é uma experiência sensorial, torna-se então uma experiência também existencial e ética. 

Parece-me impossível diferenciar a ponderação racional e a experiência sensível, afinal, tanto se pensa quanto se sente com o corpo. 
Somos um amontoado de partículas. Somos entes. A experiência vital (ou seja, estética e existencial) se dá quando este ente que somos se relaciona com o mundo. O mundo é um complexo de entes em relação, o que nos inclui (ao menos até onde eu sei).
Partindo deste mundo de entes em choque equacionado á nossa existência reflexiva formula-se a percepção, ainda que limitada por nossa sensibilidade.
Deixando claros estes pressupostos, agora eu pondero sobre o “belo”, que me parece a grande discução do campo da filosofia estética (Sigo aqui a linha de Espinoza).
Eu comi um beirute de rosbife sábado passado. 
O beirute de rosbife, aos meus olhos, foi uma experiência estética que me levou diretamente á reflexão do belo (ao longo de minhas mastigadas).
Entendo essa relação em 5 etapas de raciocínio:
1- O mundo é relação de entes, e um ser é um ente que reflete sua entidade.
2- O amor é o conhecimento que um ser que foi alegrado tem daquilo que o alegra.
3- O ser é alegre quando está alinhado com o ente amado.
4- O belo é o que alegra, o dado do mundo que é apetecível para o ser que alegra.
5- O beirute de rosbife me alegra;
Portanto, com minha experiência estética de come-lo, se o beirute me alegra, então posso distintamente dizer que o beirute é belo. Posso até concluir que amei o beirute ao longo do período em que estivemos em relação. Indo até mais longe: Pelo fato de o beirute me alegrar mais que o Davi de Michelangelo, o beirute de rosbife é mais belo que o Davi de Michelangelo. 
Poucos dados do mundo são mais belos que um bom beirute de rosbife, apetecível ao máximo. Primazia do belo. Gigantesca experiência tanto existencial quanto estética. 

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