segunda-feira, 24 de março de 2014

Mais que estética, experiência para a vida


Por: Giovanna Cassiolatto

Sempre gostei de fazer as coisas sozinha, sem depender dos outros. Outra coisa que sempre fui apaixonada é viajar, decidi então unir o útil ao agradável, podendo viajar sozinha. Comecei a pesquisar lugares para concluir o segundo colegial no ano de 2011, diversos lugares me interessavam, mas por algum motivo ou um simples “feeling” decidi ir para a Austrália, o lugar me chamou muita atenção primeiramente por sua beleza e o clima que é bem parecido com o Brasil , ao certo não sei explicar o que realmente me levou a escolher o país, sei que decidi sem pensar muito, e acredito que isso me deu coragem de largar tudo por um tempo e ir. Tive o grande desafio de convencer minha família de ir para o outro lado do mundo, mas após muitos argumentos do quanto aquela experiência seria significativa na minha vida e principalmente na minha própria pessoa, fui autorizada.

Surfers Paradise

Praia de Burleigh Heads - Gold Coast

A ficha que eu realmente iria realizar um sonho, ainda não tinha caído, por isso me despedir não foi uma tarefa difícil. Após muitas horas de viagem, cheguei do outro lado do mundo, na minha “nova casa” com a minha “nova família”. Ao chegar na casa, fui muito bem recepcionada, porém estava muito cansada e logo fui para o meu “novo quarto”, ao sentar na cama a ficha caiu, comecei a pensar o que eu estava fazendo naquele lugar, com aquelas pessoas, estranhas, que eu não conhecia e teria que passar os próximo 6 meses, comecei a ficar transtornada e assustada, mas nada que uma noite de sono não esclarecesse as coisas!
Host Mother

Hamilton Island - Whitsundays
No dia seguinte já acordei outra pessoa, o orgulho também ajudou, estava fazendo algo que eu mesma quis e precisava provar para mim mesma que era capaz, sendo assim concordei em enfrentar a experiência que sempre quis e aproveita-la da melhor maneira possível.

Começando pela família, além dos australianos tinha um “irmão” japonês, eram diversas culturas em uma casa, cada um com costumes e valores diferentes, isso colaborou muito para que eu aprendesse a aceitar pessoas diferentes, com gostos e manias diferentes da minha, e principalmente a compreende-las e aceita-las, o que era algo que eu não sabia lidar.
Ao sair da minha própria casa e ir para escola, além de encontrar mais australianos, claro, haviam diversos estudantes internacionais, de diversos países como Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Tahiti, uma diversidade enorme em um lugar só, ou seja mais costumes diferentes para lidar. Acredito muito que voltei aceitando melhor as pessoas como elas são por ter que lidar com pessoas tão diferentes ao mesmo tempo, antes de ir quando não tinha os mesmos interesses de alguém, eu simplesmente não fazia questão de criar relações, depois dessa vivência mudei completamente minha cabeça em relação aos outros.


Miami State High School - Estudantes Internacionais
Foram seis meses, que passaram parecendo dois, meio ano, que muita coisa aconteceu e mudou, meus princípios, desejos, gostos, e prioridades mudaram radicalmente, fiz coisas que jamais pensaria ou gostaria de fazer, que foram incríveis e que jamais teria pensando em fazer se tivesse ficado aqui na minha zona de conforto, fazendo sempre as mesmas coisas e indo nos mesmo lugares. Visitei diversos museus, aquários, parques, lugares que aqui nunca se passaram na minha cabeça de ir visitar. Ir em museus por exemplo era algo que eu tinha muito preconceito e via sinônimo de tédio, já hoje, acho um passatempo maravilhoso.  


Casa

Currumbin Wildlife Sanctuary - Gold Coast


Além da minha cidade, viajei por outros lugares no país, conheci diversas praias paradisíacas, arquiteturas exóticas e encantadoras. Perdi diversos medos. Mudei radicalmente de paladar, era uma pessoa exageradamente chata para se alimentar e lá comia até pedra.
Acredito que principalmente aprendi a lidar com a vida, quebrar barreiras, tanto ideológicas quanto físicas, consegui provar para mim mesma o que sou capaz e enxergar o quanto os outros são capazes de mudar também, o quanto essas mudanças são importantes, para nos relacionarmos e conseguirmos atingir nossos objetivos. Depois dessa experiência, aprendi que ficar parada esperando que as coisas aconteçam é o maio crime que alguém pode realizar consigo mesma, idealize que devo ir atrás do que quero, lutar e provar não para os outros, mas para mim mesma que eu posso e consigo. Ter que passar “perrengues”, aprender uma nova língua, saber me virar, lavar a roupa, arrumar a cama, não ter uma mãe do jeito brasileirinho de ser, não ter ninguém para cozinhar e limpar, um carro para se locomover, me fez e me faz até hoje dar valor para cada detalhe e coisas boas que tenho aqui, e principalmente não ter coragem de reclamar da vida que tenho.  



Ter voltado não foi fácil, mas o melhor de tudo é perceber que tudo, mas na verdade nada mudou, de fato eu quem mudei, mas ver que o tempo passou e as pessoas que ficaram permaneceram como estavam e principalmente esperando de braços abertos, não tem preço!






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