Por: Giovanna Cassiolatto
Sempre gostei de fazer as coisas sozinha,
sem depender dos outros. Outra coisa que sempre fui apaixonada é viajar, decidi
então unir o útil ao agradável, podendo viajar sozinha. Comecei a pesquisar lugares
para concluir o segundo colegial no ano de 2011, diversos lugares me
interessavam, mas por algum motivo ou um simples “feeling” decidi ir para a
Austrália, o lugar me chamou muita atenção primeiramente por sua beleza e o
clima que é bem parecido com o Brasil , ao certo não sei explicar o que realmente
me levou a escolher o país, sei que decidi sem pensar muito, e acredito que
isso me deu coragem de largar tudo por um tempo e ir. Tive o grande desafio de
convencer minha família de ir para o outro lado do mundo, mas após muitos
argumentos do quanto aquela experiência seria significativa na minha vida e
principalmente na minha própria pessoa, fui autorizada.
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Surfers Paradise |
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Praia de Burleigh Heads - Gold Coast
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A ficha que eu realmente iria realizar um
sonho, ainda não tinha caído, por isso me despedir não foi uma tarefa difícil.
Após muitas horas de viagem, cheguei do outro lado do mundo, na minha “nova
casa” com a minha “nova família”. Ao chegar na casa, fui muito bem
recepcionada, porém estava muito cansada e logo fui para o meu “novo quarto”,
ao sentar na cama a ficha caiu, comecei a pensar o que eu estava fazendo
naquele lugar, com aquelas pessoas, estranhas, que eu não conhecia e teria que
passar os próximo 6 meses, comecei a ficar transtornada e assustada, mas nada
que uma noite de sono não esclarecesse as coisas!
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Host Mother |
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Hamilton Island - Whitsundays |
No dia seguinte já acordei outra pessoa, o orgulho também ajudou, estava fazendo algo que eu mesma quis e precisava provar para mim mesma que era capaz, sendo assim concordei em enfrentar a experiência que sempre quis e aproveita-la da melhor
maneira possível.
Começando pela família, além dos
australianos tinha um “irmão” japonês, eram diversas culturas em uma casa, cada
um com costumes e valores diferentes, isso colaborou muito para que eu
aprendesse a aceitar pessoas diferentes, com gostos e manias diferentes da
minha, e principalmente a compreende-las e aceita-las, o que era algo que eu
não sabia lidar.
Ao sair da minha própria casa e ir para
escola, além de encontrar mais australianos, claro, haviam diversos estudantes
internacionais, de diversos países como Itália, Alemanha, Espanha, Portugal,
Tahiti, uma diversidade enorme em um lugar só, ou seja mais costumes diferentes
para lidar. Acredito muito que voltei aceitando melhor as pessoas como elas
são por ter que lidar com pessoas tão diferentes ao mesmo tempo, antes de
ir quando não tinha os mesmos interesses de alguém, eu simplesmente não fazia
questão de criar relações, depois dessa vivência mudei completamente minha
cabeça em relação aos outros.
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Miami State High School - Estudantes Internacionais |
Foram seis meses, que passaram parecendo
dois, meio ano, que muita coisa aconteceu e mudou, meus princípios, desejos,
gostos, e prioridades mudaram radicalmente, fiz coisas que jamais pensaria ou
gostaria de fazer, que foram incríveis e que jamais teria pensando em fazer
se tivesse ficado aqui na minha zona de conforto, fazendo sempre as mesmas
coisas e indo nos mesmo lugares. Visitei diversos museus, aquários, parques, lugares
que aqui nunca se passaram na minha cabeça de ir visitar. Ir em museus por
exemplo era algo que eu tinha muito preconceito e via sinônimo de tédio, já
hoje, acho um passatempo maravilhoso.
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Casa |
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Currumbin Wildlife Sanctuary - Gold Coast
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Além da minha cidade, viajei por outros
lugares no país, conheci diversas praias paradisíacas, arquiteturas exóticas e
encantadoras. Perdi diversos medos. Mudei radicalmente de paladar, era uma
pessoa exageradamente chata para se alimentar e lá comia até pedra.
Acredito que principalmente aprendi a lidar
com a vida, quebrar barreiras, tanto ideológicas quanto físicas, consegui
provar para mim mesma o que sou capaz e enxergar o quanto os outros são capazes de
mudar também, o quanto essas mudanças são importantes, para nos relacionarmos
e conseguirmos atingir nossos objetivos. Depois dessa experiência, aprendi que
ficar parada esperando que as coisas aconteçam é o maio crime que alguém pode realizar consigo mesma, idealize que devo ir atrás do que quero, lutar e provar não para
os outros, mas para mim mesma que eu posso e consigo. Ter que passar “perrengues”,
aprender uma nova língua, saber me virar, lavar a roupa, arrumar a cama, não
ter uma mãe do jeito brasileirinho de ser, não ter ninguém para cozinhar e limpar,
um carro para se locomover, me fez e me faz até hoje dar valor para cada detalhe
e coisas boas que tenho aqui, e principalmente não ter coragem de reclamar da
vida que tenho.
Ter voltado não foi fácil, mas o melhor de tudo é perceber que
tudo, mas na verdade
nada mudou, de fato eu quem mudei, mas ver que o tempo passou e as pessoas que ficaram permaneceram como estavam e principalmente esperando de braços abertos, não tem preço!
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