terça-feira, 25 de março de 2014

Isabela Melchor Fernandes


Somos criados por nossas experiências sejam elas boas ou ruins. Uma que me marcou extremamente foi a visita ao museu de arte sacra na Avenida Tiradentes aos 8 anos no colégio. Estávamos estudando o barroco no Brasil e fomos levados na época ao local. Inicialmente entramos pela igreja, e até hoje consigo lembrar a sensação de entrar lá. Tinha uma energia inacreditável, que eu nunca consegui compreender, o altar tinha uma luz própria, e mesmo que você não acreditasse na religião ou nos dogmas da igreja católica, aquele lugar trazia uma sensação que eu nunca havia sentido. O altar imponente não trouxe medo, mas sim vontade de absorver todos os detalhes e guardar na mente. As cores e a sensação ainda são muito vivas na minha memória, fiquei muito tempo observando o altar e a sensação era de ser absorvida para dentro de tudo aquilo, e não diminuída. Fui convidada pela luz que o altar trazia a me inserir naquele momento e participar de uma sensação completamente diferente. Neste dia também nos disseram sobre as freiras que viviam enclausuradas, e nos as vimos pela divisão, foi outra sensação diferente, compreender pessoas que se afastaram do mundo devido sua crença, e escolhiam se ligar com seu Deus. Fomos ao cemitério dessas freiras também.
Esse dia marcou minha vida devido às intensas experiências de confronto. Fui marcada pelo altar imponente, que me deixou intrigada para compreender que sensação nova era aquela que sentia, e refletir sobre a escolha de uma pessoa que consegue uma ligação tão intensa com suas crenças que é capaz de abrir mão de sua vida.
Nunca voltei no local, mas acredito que a sensação seria diferente hoje em dia. Mas incrivelmente ainda me lembro de como a luz própria daquele altar fez uma criança de 8 anos sentir uma energia tão diferente e tão intrigante. As imagens do altar já não são fortes em minha lembrança, mas a sensação que me foi ocasionada é muito intensa e viva ainda. Mesmo conhecendo igrejas, aquela foi a que mais me convidou a compreender os detalhes e a “emoção” que eu senti, fato que ainda me intriga até hoje.


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